A ansiedade presente nos acadêmicos de Direito - Direito Competente - Informação competente em sua tela

sábado, 15 de julho de 2017

A ansiedade presente nos acadêmicos de Direito

Ela era assídua às aulas do bacharelado em Direito e ao seu emprego, era determinada em seus objetivos, como todo estudante de Direito. Porém ela tinha algo que a si própria desconhecia, era algo estranho, esquisito, mas que não duvidou de nenhuma sorte, pois desde quase sempre a acompanhou. Não se permitia perder nenhuma informação, nem ao menos às aulas por motivos de doença, sua jornada era exaustiva, porque nem ao menos se permitia descansar fora de seu labor.
Após cursar alguns períodos do seu curso e anos em seu emprego, ela percebeu que estava mais irritada, impaciente, com baixo limiar para enfrentar frustações, dores de cabeça, dores musculares, insônia, déficit de memória e dificuldade em se concentrar para realizar atividades simples, como boa parte dos alunos do curso de Direito.
Estamos tratando sobre a ansiedade, que afeta milhares de pessoas (podendo ter mais pessoas acopladas do que a própria depressão, conforme relata Augusto Cury –, mas existem algumas controvérsias). Mas aqui queremos enfocar nos primeiros passos da carreira jurídica, ou seja, a Academia. Isto porquanto esses serão os futuros profissionais que exercerão diversos cargos em nossa sociedade frágil, com uma doença que pode afetar a forma em que trabalham, impedindo que a sociedade desfrute de uma qualidade de serviço excelente.
Este assunto é de suma importância, porquanto estamos tratando de futuros profissionais do Direito, que atualmente estão doentes, sendo que muitos irão se encontrar junto às cadeiras docentes de nossas universidades. Assim, se faz necessária a exposição deste assunto, para que tanto discentes e docentes tomem as medidas necessárias para diminuirmos a ansiedade dos alunos, sendo que são inúmeros os aplicados e dedicados na universidade e que correm o risco de se depararem com este male.
Existem diversos tipos de ansiedade. Os principais, e não mais importantes que as outras, são: Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Pós-traumática, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Síndrome de Burnout, Transtorno do Pânico e a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Todos estes tipos de ansiedade podem estar presentes nos acadêmicos de Direito. Mas nos deteremos nas principais características da ansiedade, assim nos permitindo uma visão mais ampla.
Estudantes, de todos os períodos ou anos letivos, são bombardeados com muitas informações jurídicas, mais do que podem absorver normalmente. Basta observamos a quantidade de assuntos que os professores necessitam lecionar (pois muitos desses profissionais possuem uma grade curricular pronta, determinadas pela coordenação da instituição de ensino), são muitos assuntos e os alunos não conseguem absorver boa parte. Não é incomum alunos realizarem “colas” em momentos como os de provas, porquanto não absorveram com qualidade os conteúdos e precisam recorrer a outros meios para concluírem as disciplinas. Aliás, nosso sistema de ensino nas universidades é demasiado antigo, e não acompanhou a evolução dos novos processos de assimilação dos estudantes. Mas isto é assunto para outra oportunidade.
A velocidade exagerada de pensamentos com a qual os estudantes enfrentam, com um conteúdo demasiadamente pesado, resulta em grande sofrimento. E com esta velocidade de pensar, com uma educação estratificada, afeta a saúde mental e a criatividade. O
“pensar é bom, pensar com consciência crítica é melhor ainda, mas pensar excessivamente é uma bomba contra a qualidade de vida, uma emoção equilibrada, um intelecto criativo e produtivo” (CURY, 2014, p. 98).
O estudante de direito não pode manter constantemente sua mente acelerada, porquanto os efeitos negativos não só o afetarão em suas jornadas de estudos, mas sobretudo sua vida como um todo. Imaginemos um estudante ansioso, não esperaremos menos que um profissional com uma mente acelerada, com problemas de lidar com seus clientes e com sigo mesmo (qualidade de vida), mesmo que tenha uma capacidade de realizar trabalhos satisfatórios.
Para que os acadêmicos, com também os profissionais formados, possam realizar trabalhos intelectuais satisfatórios é necessário que tenham a capacidade emocional e intelectual. Ou seja, o operador jurídico tem de assimilar informações, organizar e ter a capacidade de resgatá-las. O que vemos na realidade são pessoas que se atarefam em muito, às vezes não por opção, mas por ter de cumprir os requisitos para completar disciplinas. É comum conhecermos pessoas que tem uma capacidade intelectual fora do comum, porém suas habilidades não estão a sua disposição, porquanto é grande a sua ansiedade e seus sintomas, e, pelos péssimos resultados, são considerados alunos medíocres.
Um dos gênios da humanidade, Albert Einstein, se formou em uma época em que o conhecimento era menor se comparado com as informações que nossas universidades obrigam nossos alunos a aprender. Segundo Augusto Cury (CURY, 2014, p. 105), não é a quantidade de informações que nos faz criativos e inteligentes, mas a forma como organizamos os dados.
O resultado disto tudo é que as universidades estão oferecendo profissionais à sociedade com emoções já debilitadas. Com pensamentos acelerados, a emoção perde a qualidade, estabilidade e profundidade. Essas mentes padecem de envelhecimento precoce. Sinais disto são as reclamações frequentes, irritabilidade e falta de motivação.
É frequente que estudantes que sofrem de ansiedade tenham comportamentos imaturos, muito infantis. Vejamos que, em situações que os colocam sob estresse, tomam atitudes um tanto raivosas e impacientes, tal como as de uma criança, impedindo que desfrutem de trabalhos em equipe ou em trabalhos que demandem a criatividade e a intelectualidade.
Texto de  Jezer Munhoz.

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